“Você encontra aquela proposta de uma passarela da forma mais inusitada possível na Dias da Cruz. “
Eu sou Zona Norte porque Sou Méier. Cresci neste bairro e aprendi a observar suas belezas e particularidades e foi assim que tive a ideia de mostrar a moda que circula pela área. O Méier está na moda, assim como toda a região da qual ele faz parte. O mais curioso é que quando falo “moda”, não quero dizer as tendências e padrões ditados pela indústria, mas sim o estilo e a personalidade desses bairros, que tem forte em sua essência a atitude e a criatividade.
Quando comecei a fotografar saí em busca de tendências, peguei o que estava em destaque nas passarelas e tentei captar nas ruas essa interpretação. Mas a minha surpresa foi muito maior. Não só as tendências são assimiladas, como são adaptadas e transformadas. Você encontra aquela proposta de uma passarela de um desfile italiano da forma mais inusitada possível na Dias da Cruz. E isso é absolutamente lindo.
É claro que a roupa deve seguir ao menos a ocasião a que se destina, afinal, ninguém vai à praia de terno, mas o que é fundamental é que quem está usando se sinta bem, confortável, bonito. Isso já é um fator importantíssimo para a autoconfiança e tudo flui melhor. Portanto, às vezes vale ousar, tentar, criar e ver o resultado de uma mistura de estampas, de cores ou texturas. O essencial é buscar sempre a harmonia, não só entre as peças de roupa, mas entre o seu look e o seu humor.
Temos que treinar o nosso olhar. Não é o caso de pregar que “quem ama o feio, bonito lhe parece”, mas sim entender que tudo na vida tem um ponto de vista e até um short hipercurto ou a peruca loira da Diva podem fazer sentido como código de moda para determinado público. Nem tudo é feio, nem tudo é cafona. Assim como nem tudo é maravilhoso apenas porque a Prada disse que sim.
Carol Rabello – Produtora, co-criadora do site Zona Norte Etc e colunista de moda do Sou Méier.