A sociedade passa por rápidas e constantes transformações e o modelo tradicional de família vem tendo que se adaptar a elas. A configuração básica de pai, mãe e filhos passa a dar lugar a outras, como “a dos meus, os seus e os nossos”, a do “nós dois por enquanto, e vamos tentar mais tarde” ou até mesmo a do “nós dois e mais ninguém”.
O que já foi quase uma certeza – a de casar, ter filhos e viver felizes para sempre, hoje é um dilema para alguns casais, principalmente para as mulheres que trazem consigo questionamentos sobre, por exemplo, como abrir espaço para a maternidade e continuar a crescer profissionalmente, entre tantos outros.
Nesses momentos é comum surgirem dúvidas, e, por isso, a busca por ajuda psicológica vem auxiliar na compreensão do seu real desejo. Uma vez que as necessidades mudam, o comportamento também muda. Se por um lado a mulher assume um lugar de provedora juntamente ao marido, trabalhando em horário integral, este passa a colaborar mais com as tarefas de casa e nos cuidados com os filhos. Porém, ainda que haja colaboração de ambas as partes, existe na rotina familiar um elevado número de tarefas e compromissos a serem cumpridos pelos integrantes da família – inclusive pelas crianças, deixando quase sempre todos muito ocupados.
O fato é que cada vez mais os pais se debruçam a intensas rotinas de trabalho, muitas vezes até levando tarefas para casa, na justificativa de poder dar o melhor para os filhos, mas esquecem que, como consequência, deixam de vivenciar experiências em conjunto, comprometendo o relacionamento entre toda a família. Sem falar dos jogos eletrônicos e redes sociais que já viraram um hábito entre todas as idades e, que também compromete os momentos em família, tornando-os cada vez mais escassos.
Mas, então, como ser família nos dias de hoje?
Como lidar com as inúmeras demandas, os desejos e interesses de cada um, sem deixar que os momentos em família se percam na velocidade dos acontecimentos? Eis um dos maiores desafios dos tempos modernos.
O fato é que refletir nunca foi tão necessário quanto atualmente, em uma época em que tudo tem que ser imediato e, muitas vezes até mesmo instantâneo.
Ainda que em meio a tantas intempéries, a família sempre foi e ainda é a base da sociedade. É onde tudo começa – onde começamos a descobrir quem somos e onde aprendemos o que levamos para o mundo.
Sendo assim, nós temos que nos colocar cada vez mais favoráveis e menos resistentes às mudanças. E que elas venham, sim! Afinal, são sempre bem vindas, mas que se possa extrair o melhor delas.
Que o desejo de estar juntos seja maior do que as demandas e aparentes urgências individuais, e que a essência e beleza da família sejam preservadas, senão com o tempo, em quantidade, mas intensa em sua qualidade. Se isso requer esforço, que cada um possa fazer a sua parte. Só assim manteremos a harmonia familiar, seja esta formada por muitas ou apenas duas pessoas.
Boa reflexão!