Templo comemora cinquentenário de sua elevação à categoria de basílica
RIO – Única construção religiosa em estilo neomourisco da cidade, a Igreja do Imaculado Coração de Maria, no Méier, está comemorando nesta sexta-feira o cinquentenário de sua elevação à categoria de basílica. Para marcar a data, o arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta, celebrará às 19h, uma missa na paróquia da Zona Norte, que está preparando uma grande comemoração para a ocasião. Com a fachada recoberta de tijolinhos vermelhos, portas de jacarandá e uma arquitetura de inspiração árabe, a igreja destaca-se na paisagem da região. Tombada pelo município desde 2009, leva a assinatura de Adolfo Morales de los Rio, arquiteto espanhol que buscou inspiração em templos católicos do sul da Espanha e foi autor de prédios marcantes na história da cidade, como o do Museu Nacional de Belas Artes, no início do século XX.
Considerada uma das belezas cariocas da Zona Norte, ela foi retratada na série de cartões-postais, parte da coleção “Olhos de ver”, lançada em 2012 pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. A igreja fica nas esquinas das ruas Coração de Maria com Santa Fé. Do lado de fora, lembra um castelo. Dentro da basílica, detalhes característicos do estilo neomourisco valem a visita: há mosaicos coloridos, desenhos rendados e azulejos decorando paredes. Outra assinatura deste tipo de arquitetura é a riqueza de detalhes geométricos. As cores e o formato dos desenhos dos vitrais, que remetem ao de uma rosa, também caracterizam o mourisco. Morales de Los Rios teria se baseado no projeto da igreja de Santa Maria La Blanca, em Toledo, na Espanha.
Nas últimas décadas, a igreja sofreu muitas descaracterizações. A fachada de tijolinhos foi em parte reconstruída. Dentro da basílica, a pintura do teto e do altar foram modificadas. E nem os vitrais foram poupados. Alguns foram trocados e um foi retirado. As duas portas de jacarandá seguem firmes, no mesmo local em que foram instaladas pouco depois da fundação da igreja, no inicio do século XX. As portas, por sinal, merecem uma atenção especial do visitante: elas foram desenhadas pelo arquiteto Matias Ferreira e são adornadas com vidros colorido, com uma aplicação em bronze, num precioso entalhe com motivos árabes.
Construída a partir de 1909, quando foi lançada a pedra fundamental do templo, a obra da igreja estendeu-se até 1917, ano da inauguração. A torre, no entanto, só foi concluída em 1924. Elevada à categoria de basílica em 1964, ela tem uma nave central com 64 metros de comprimento por 24 metros de largura. Tem capacidade para 900 fiéis sentados. Na década de 90, por causa dos ataques de pichadores e pela insegurança na região, a igreja foi gradeada. Hoje, a basílica abriga um brechó beneficente e a sede das reuniões dos Alcoólicos Anônimos do Méier.