Não existe sensação mais gratificante para uma mulher que estar grávida, agora imagina quando o filhinho vem a nascer
Quanta expectativa! Inúmeros sonhos e planejamentos! E agora, o que fazer? Surgem algumas questões: Darei conta do recado? Quem é esse serzinho aqui na minha frente, pois há segundos atrás estava na minha barriga? Devo praticar atividade física para emagrecer e perder essa flacidez abdominal? Meu corpo dói e estou exausta, será possível criar meu bebê e seguir minha vida normal? Quando serei capaz de me reorganizar corporalmente? Afinal, foram tantas mudanças no meu organismo!
Bem, é normal esses pensamentos, não se considere a única; várias mulheres passam pelo mesmo sentimento. Nessa etapa pós parto, conhecida também como puerpério, ocorrem diversas mudanças no corpo, devido ao fato de antes a mamãe estar acostumada com a “metamorfose ambulante” de seu peso, posição de órgãos alterada, rios de hormônios jorrados na corrente sanguínea, temperatura corporal mudada, pra não falar das dores e rigidez nas costas.
Agora, é preciso uma readaptação, porque pode ocorrer da mulher não reconhecer mais seu corpo – foram 9 meses de transformações, gerando angústia e baixa autoestima. Seus seios aumentaram – cheios de leite, o abdômen mais flácido e a região genital, no caso do parto normal, com possíveis pontos, além de distendida; na cesariana, cicatrizes que ainda doem e incomodam ao se movimentar. Para se ter noção, a mulher, em média, perde de 5 a 9kg após o parto e dentro de 1 mês, pode chegar a mais 3kg. Haja mudança no corpo da mamãe guerreira!
Daí pode-se observar o surgimento da depressão pós-parto, sendo que em alguns casos é somente tristeza, não caracterizando uma doença (existem situações como a do blues pós parto ou baby blues), processo natural pela guerra de hormônios e fatores emocionais envolvidos por longos tempos – é bom consultar seu médico ginecologista para correta avaliação.
Pronto, e agora, o que fazer para reverter essa tempestade de emoções?
Nota-se que passo a passo, com a prática assídua de atividade física, a pessoa vai reconquistando sua autoestima e alegria, pela liberação da endorfina, dopamina e serotonina, assim como reduzindo a sensação de isolamento social, por frequentar uma academia, por exemplo. Recomenda-se junto desse processo a psicoterapia, caso a depressão for realmente diagnosticada. Se não, seguindo uma boa alimentação e tornando-se ativa já ajuda bastante!
Ao se ter um bebê, nas primeiras 48 horas é fundamental realizar exercícios respiratórios que acalmam e dão tonicidade muscular ao diafragma, abdômen e costelas. Logo nas semanas iniciais, a coluna lombar ainda se encontra muito rígida e dolorosa, limitando movimentos de tronco, sendo assim é indicado praticar exercícios que envolvam alongamento suave, afinal a produção do hormônio relaxina ainda é feita até os próximos 5 meses, propiciando grande estiramento ligamentar, principalmente na região dos quadris e púbis – lembra-se da realização de contrações no períneo e lábios vaginais para reativação dos músculos que foram alargados na saída do bebê.
Como curiosidade, após cerca de 30 dias já é comum a prática de relação sexual, pois o órgão genital já permite tal movimentação. E coincidentemente é nesse prazo que os médicos liberam para atividade física, dependendo se houve pontos ou não na vagina. Na cesariana segue o mesmo tempo, mas com uma limitação apenas: exercícios localizados no abdômen ficam pra 60 dias após o parto. O restante permanece igual em ambos os casos, realizando atividades de força muscular moderada e alongamento suave.
Algumas regiões que formam o assoalho pélvico necessitam de fortalecimento, como a musculatura glútea, abdominal, do períneo e interna de coxa (adutores), por causa de toda a mobilização corporal durante a gestação e pós parto. Os membros superiores também se tornam vitais na manutenção de força para carregar o bebê e para aquisição de uma boa postura na região cervical e dorsal. Por último, as pernas que vão dar o suporte para aguentar caminhar e passear com o filhinho, além de ajudar no retorno venoso e diminuição de edemas.
Um fato não pode ser esquecido: nessa fase começa o período de lactação para amamentação do bebezinho que geralmente é até o sexto mês de vida. O cuidado é em não exagerar nas atividades aeróbicas, não podendo ser de alta intensidade, mais de 70% do VO2Máx (número referente a capacidade máxima que um indivíduo absorve oxigênio). Existe um medo de que o leite possa diminuir de quantidade dessa forma, mas na verdade, o que ciência consegue comprovar é que não há diminuição, mas sim um aumento desproporcional do nível de ácido lático (substância liberada em estresse muscular), causando a rejeição do bebê ao leite materno pelo sabor que se torna diferente. Só há redução do aleitamento quanto a uma má alimentação alimentar e desidratação. Oriente-se com seu educador físico e nutricionista sobre isso.
Esse artigo foi o penúltimo e quarto da série “diferenças entre homens e mulheres no treinamento físico” iniciada em novembro de 2015. Na próxima coluna Viva Bem será mencionado o período da menopausa, que tanto aflige o público feminino, no entanto há uma forma apropriada de superar e lidar com essa questão.